Um jantar romântico que virou surpresa para o coração4 min de lectura

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Num belo jantar romântico, algo inesperado aconteceu. O coração do homem parou ao ver a mulher que servia as mesas. Era a sua ex-esposa, aquela que ficara para trás, sem nunca conhecer os sacrifícios que ela fizera para que ele se tornasse o homem bem-sucedido que era hoje.

Rui Almeida entrou no requintado restaurante iluminado por velas com a sua nova namorada, Joana. Vestia um fato impecável, enquanto ela, de vestido prateado, brilhava sob a luz suave, agarrada ao seu braço.

—Rui, este lugar é maravilhoso —disse Joana, sorrindo, enquanto eram conduzidos à mesa reservada.

Ele olhou em volta com orgulho. Este era o tipo de sítio que agora podia frequentar sem hesitar—um dos restaurantes mais exclusivos do Porto.

Mas, ao sentar-se, o seu olhar fixou-se em alguém do outro lado da sala. Uma empregada de mesa, com um simples avental bege, movia-se silenciosamente entre as mesas, equilibrando pratos com destreza. O rosto dela estava ligeiramente voltado, mas quando ergueu os olhos por um instante, Rui sentiu o ar faltar-lhe.

Não… não podia ser.

—Rui? Estás bem? —perguntou Joana, notando a sua súbita rigidez.

Ele pestanejou, forçando um sorriso.
—Sim, só… pensei que vi alguém que conheço.

Mas era ela. Ana.

A sua ex-mulher. Aquela de quem se divorciara cinco anos antes, quando decidiu perseguir sonhos maiores—sonhos que, de facto, se transformaram em milhões, carros de luxo e apartamentos em Lisboa.

Ana parecia mais magra agora, com o cabelo apertado num rabo-de-cavalo. Não o viu—ou talvez fingiu não o ver. Limitou-se a deixar os pratos numa mesa próxima, acenou educadamente aos clientes e afastou-se.

Joana falava da próxima sessão de fotos, sem perceber que Rui não a ouvia. A sua mente divagava.

Por que estaria ela a trabalhar ali? Devia estar… noutro lugar. Sempre dizia que queria dar aulas. Era inteligente. Tinha potencial.

Mas, ao vê-la anotar um pedido noutra mesa, reparou em algo na sua postura: um cansaço silencioso—aquele que não vem apenas de um longo turno, mas de anos a carregar um peso enorme.

Rui não conseguia desviar o olhar. O seu garfo permanecia intacto enquanto Joana ria baixinho de uma piada que fizera. Ele assentiu distraidamente, a mente completamente noutro lugar. Cada passo de Ana no soalho polido era como uma punhalada de memória, recordando-lhe as noites em que ela trabalhava em dois empregos para que ele pudesse concluir o curso de gestão, as manhãs em que ela saltava o pequeno-almoço para que ele pudesse comer. Lembrou-se do envelope que ela lhe deslizara certa vez—as poupanças das suas aulas particulares, dizendo-lhe com ternura: “Vai atrás do teu sonho. Eu fico bem.”

E depois, ele deixara-a.

A voz de Joana desvanecia-se ao fundo enquanto os pensamentos de Rui ardiam. Reparou que as mãos de Ana tremiam ligeiramente ao carregar uma bandeja de taças de vinho. O seu sorriso para os clientes era educado, mas cansado—não aquele sorriso radiante que ele conhecera. E, de repente, quando uma criança na mesa ao lado deixou cair uma colher, Ana agachou-se para a apanhar e sorriu-lhe com doçura—tão terno, tão maternal—que Rui sentiu o peito apertar.

Terá ela estado a criar um filho? Sozinha?

A mente dele girava, a culpa devorava-o. Ela dera-lhe tudo, e ele partira assim que o sucesso lhe batera à porta.

—Rui —disse Joana novamente, desta vez mais firme. —Estás a comportar-te de forma estranha. Conheces… aquela mulher?

Ele engoliu em seco.
—É… alguém que conheci há muito tempo.

Antes que Joana pudesse insistir, Ana virou-se, e os olhos deles encontraram-se. Por um breve instante, o tempo parou. Não houve raiva, nem palavras—apenas o reconhecimento silencioso de um passado que nunca morrera de todo. Os seus lábios apertaram-se ligeiramente, e depois ela desviou o olhar, continuando o seu trabalho como se nada tivesse acontecido.

Mas o mundo de Rui mudara. O tilintar das taças, a suave música de violino, as palavras de Joana—tudo se desfocava. A única coisa que ele via era as costas cansadas de Ana a desaparecer na cozinha.

Levantou-se de repente.

—Rui? —exclamou Joana, surpresa.

—Preciso… de um momento. —Empurrou a cadeira para trás e dirigiu-se à porta da cozinha, com o coração a bater mais forte do que a orquestra que tocava ao fundo. Não sabia o que diria, nem sequer se ela o ouviria.

Mas sabia uma coisa: naquela noite, num jantar à luz das velas feito para o romance, confrontara-se com o preço do seu sucesso—e com a mulher que o pagara.

E desta vez, não conseguia desviar o olhar.

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