Seis Motociclistas Fugiram com o Bebê da Minha Irmã Falecida2 min de lectura

Compartir:

**Diário de um Homem**

Seis motoqueiros saíram da maternidade com o recém-nascido da minha irmã morta, e a enfermeira simplesmente deixou.

Vi pelas câmeras de segurança aqueles homens enormes de coletes de couro carregando o meu sobrinho pelos corredores do hospital como se ele lhes pertencesse. Como se tivessem todo o direito de levá-lo.

A minha irmã, Ana, morreu no parto quarenta e sete minutos antes. Hemorragia. Os médicos não conseguiram estancar o sangue. Ela tinha vinte e três anos e desangrou na mesa de parto enquanto o bebê gritava ao tomar seu primeiro fôlego.

Eu estava na sala de espera quando me disseram que ela se fora. Ainda tentava processar. Ainda sem conseguir respirar. Ainda tentando entender como a minha irmã mais nova podia estar morta.

Foi então que a enfermeira-chefe entrou a correr. “Senhor, conhece os homens que levaram o bebê?”

“Que homens? Do que está a falar?”

Mostrou-me as imagens no tablet. Seis motoqueiros. Coletes de couro. Barbas compridas. Saindo da maternidade com o meu sobrinho nos braços. O que ia à frente segurava-o contra o peito, como algo precioso.

“Chame a polícia!” gritei. “Raptaram-no! Esses homens roubaram o filho da minha irmã!”

Mas a enfermeira segurou-me o braço. “Senhor, espere. Eles tinham documentos. Papéis assinados. Disseram que eram os tutores legais.”

“Isso é impossível! Eu sou a única família da Ana! Eu devia ficar com o bebê! Quem são essas pessoas?”

A enfermeira hesitou. “Disseram que a sua irmã tratou disto há seis meses. Tinham um acordo de guarda notariado. Tinham a assinatura dela.”

Senti o chão desaparecer sob os meus pés. Ana nunca mencionara motoqueiros. Nunca falara de nenhum acordo. Tinha-me dito que eu criaria o filho dela se algo acontecesse. Tínhamos falado disso dezenas de vezes.

“Tem de ser um engano,” murmurei. “Ou uma falsificação. A Ana nunca daria o seu bebé a estranhos. A motoqueiros.”

A enfermeira entregou-me um envelope fechado. “Deixaram isto para si. Disseram que a sua irmã o escreveu. Que explicaria tudo.”

As minhas mãos tremiam ao pegar no envelope. A letra da Ana estava na frente. O meu nome. Miguel. Só o meu nome, naquela caligrafia ondulada.

Rasguei-o.

**Querido Migas,**

Se estás a ler isto, eu já parti. Peço desculpa. Sabia que havia uma hipótese de não sobreviver ao parto. Os médicos avisaram-me do problema cardíaco. Não te contei porque não quis que te preocupasses.

Preciso de te contar algo que devia ter dito há anos. Algo sobre o pai do bebé…

A carta continuava:

O pai é o Jorge Mendes. Nunca o conheEle era motociclista, membro dos Anjos de Ferro, o homem que me salvou quando vivia debaixo da ponte do Cais do Sodré, e agora o nosso filho terá uma família inteira que jurou amá-lo como ele merece.

Leave a Comment