Patrão Disfarçado Escuta Segredo Chocante no Próprio Restaurante5 min de lectura

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Era uma manhã fresca de segunda-feira quando Tiago Mendes, o dono da Tasca do Tiago, saiu do seu SUV preto vestindo calças de ganga, um casaco desbotado e um gorro puxado até à testa. Normalmente visto em fatos elegantes e sapatos caros, naquele dia parecia um homem comum de meia-idade, talvez até sem-abrigo para alguns. Mas era exatamente o que ele queria.

Tiago era um milionário feito de si próprio. A sua tasca tinha crescido de uma carrinha de comida para uma cadeia espalhada pela cidade em 10 anos. Mas, ultimamente, as queixas dos clientes começaram a aparecer—serviço lento, funcionários mal-educados e até rumores de maus-tratos. As críticas online tinham passado de cinco estrelas brilhantes para desabafos amargos.

Em vez de enviar espiões corporativos ou instalar mais câmaras, Tiago decidiu fazer algo que não fazia há anos—entrar no seu próprio negócio como um homem comum.

Escolheu a sucursal no centro—a primeira que abriu, onde a sua mãe costumava ajudar a fazer bolos. Enquanto atravessava a rua, sentiu o bulício dos carros e dos transeuntes matinais. O cheiro de bacon a fritar flutuava no ar. O seu coração bateu mais depressa.

Dentro da tasca, as bancadas vermelhas e o chão axadrezado receberam-no. Não tinha mudado muito. Mas os rostos, sim.

Atrás do balcão estavam duas empregadas. Uma era uma rapariga magricela num avental rosa, mastigando pastilha e a mexer no telemóvel. A outra era mais velha, mais encorpada, com olhos cansados e um crachá que dizia “Denise”. Nenhuma reparou nele.

Ficou à espera cerca de trinta segundos. Nenhum cumprimento. Nenhum “Bom dia, seja bem-vindo!” Nada.

“Próximo!” rosnou Denise, sem sequer levantar os olhos.

Tiago avançou. “Bom dia,” disse, tentando disfarçar a voz.

Denise avaliou-o de alto a baixo, os olhos a percorrerem o casaco engelhado e os sapatos gastos. “Ah pois. O que quer?”

“Queria uma torrada ao pequeno-almoço. Com bacon, ovo e queijo. E um café sem açúcar, por favor.”

Denise suspirou dramaticamente, carregou umas teclas no ecrã e resmungou: “Três e cinquenta.”

Ele puxou uma nota de cinco euros amachucada do bolso e entregou-lha. Ela agarrou-a e atirou o troco para o balcão sem uma palavra.

Tiago sentou-se num canto, a saborear o café e a observar. O sítio estava cheio, mas os funcionários pareciam entediados, até irritados. Uma mulher com duas crianças teve de repetir o pedido três vezes. Um idoso que perguntou por um desconto de reformado foi afastado com rudeza. Um empregado deixou cair uma bandeja e praguejou alto o suficiente para as crianças ouvirem.

Mas o que o deixou gelado foi o que ouviu a seguir.

Atrás do balcão, a jovem empregada de avental rosa inclinou-se e disse à Denise: “Viste aquele gajo que pediu a torrada? Cheira a metro ao fim de semana.”

Denise riu-se. “Pois, não é? Parece que achamos que isto é um abrigo, não uma tasca. Aposto que ainda pede bacon extra como se tivesse dinheiro.”

Ambas riram-se.

As mãos de Tiago apertaram a chávena de café. Os nós dos dedos ficaram brancos. Não estava magoado pelo insulto—pessoalmente—mas o facto de os seus próprios funcionários gozarem com um cliente, quanto mais um potencial sem-abrigo, doía. Eram as pessoas para quem ele tinha construído a sua tasca—gente trabalhadora, honesta, que lutava pelo dia a dia. E agora, os seus funcionários tratavam-nas como lixo.

Viu outro homem—de fato de trabalho—entrar e pedir um copo de água enquanto esperava pelo pedido. Denise deu-lhe um olhar sujo e disse: “Se não vai comprar mais nada, não fique a ocupar espaço.”

Chega.

Tiago levantou-se devagar, a torrada intesa, e dirigiu-se ao balcão.

Tiago Mendes parou a poucos passos do balcão, com a torrada ainda na mão. O operário, atordoado pela resposta fria de Denise, recuou em silêncio e sentou-se num canto. A jovem empregada de avental rosa continuava a rir-se, a mexer no telemóvel, alheia à tempestade que se avizinhava.

Tiago limpou a garganta.

Nenhuma das mulheres levantou os olhos.

“Com licença,” disse mais alto.

Denise revirou os olhos e finalmente olhou para cima. “Senhor, se tem algum problema, o número do serviço ao cliente está no talão.”

“Não preciso do número,” respondeu Tiago calmamente. “Só quero saber uma coisa. É assim que tratam todos os clientes, ou só os que acham que não têm dinheiro?”

Denise pestanejou. “O quê?”

A jovem empregada interveio: “Não fizemos nada de mal—”

“Nada de mal?” repetiu Tiago, a voz já não suave. “Gozaram às minhas costas porque parece que não pertenço aqui. Depois trataram um cliente que está a pagar como se fosse lixo. Isto não é um salão de fofocas, nem um clube privado. É uma tasca. A minha tasca.”

As duas mulheres congelaram. Denise abriu a boca para responder, mas as palavras não saíram.

“Chamo-me Tiago Mendes,” disse, puxando o capuz e tirando o gorro. “Sou o dono disto.”

O silêncio caiu como um martelo na tasca. Alguns clientes viraram-se para olhar. O cozinheiro espreitou pela janela da cozinha.

“Não pode ser,” sussurrou a jovem.

“Pois pode,” respondeu Tiago frio. “Abri esta tasca com as minhas próprias mãos. A minha mãe cozia bolos aqui. Construímos isto para servir toda a gente. Operários. Reformados. Mães com filhos. Pessoas que lutam para chegar ao fim do mês. Vocês não decidem quem merece respeito.”

O rosto de Denise empalideceu. A jovem deixou cair o telemóvel.

“Deixe-me explicar—” começou Denise.

“Não,” interrompeu Tiago. “Já ouvi o suficiente. E as câmaras também.”

Olhou para o canto do teto, onde uma câmara de vigilância discreta estava instalada. “Os microfones? Sim, funcionam. Cada palavra que disseram ficou gravada. E não é a primeira vez.”

Nesse momento, o gerente do restaurante, um homem de meia-idade chamado Rui, saiu da cozinha. Ficou pasmado ao ver Tiago.

“Sr. Mendes?!”

“Olá, Rui,” disse Tiago. “Precisamos de falar.”

Rui acenou, os olhos arregalados.

Tiago voltou-se para as mulheres. “EstáRui assegurou-lhe que as coisas iriam mudar, e Tiago, com um último olhar à sua tasca, sentiu que finalmente estava no caminho certo para recuperar o espírito que um dia a tornara especial.

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