Pai, aquela garçonete é a cara da mamãe!” — O milionário congelou ao se virar… Sua esposa havia morridoEle estendeu a mão para tocar o rosto dela, e no mesmo instante percebeu que era apenas uma estranha com um sorriso triste, lembrando-o de um passado que nunca poderia reviver.4 min de lectura

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Era uma manhã chuvosa de sábado quando Tiago Monteiro, um jovem empresário de tecnologia e pai viúvo, entrou numa pequena pastelaria de bairro com sua filha de quatro anos, Leonor. Há anos que não sorria. Desde a noite do acidente que levou sua esposa, Beatriz, o mundo parecia mais sombrio — mais silencioso de um jeito que nem o sucesso nem o dinheiro conseguiam preencher.

O aroma de café torrado e bolinhos quentes enchia o ar. Leonor sentou-se à janela, balançando os pés e cantarolando uma melodia que só ela parecia conhecer. Tiago olhava o cardápio, a mente turva por outra noite maldormida.

Foi então que Leonor disse algo que lhe cortou a respiração.

“Pai… aquela senhora parece a mamã.”

Tiago ergueu os olhos.
Do outro lado da sala, uma jovem empregada ria com um cliente. Os mesmos olhos castanhos suaves. O mesmo sorriso com covinhas. A mesma inclinação de cabeça que outrora iluminara o seu mundo.

O coração parou.
Beatriz?
Impossível.

Ele sabia cada detalhe do acidente: o desastre, o funeral, a papelada. Tinha identificado o corpo pessoalmente.
Mesmo assim… aquela mulher poderia ser sua gémea.

A empregada virou-se, encontrando o olhar dele. Por um instante, a expressão alegre vacilou, os olhos arregalando-se antes de ela se esconder rapidamente na cozinha.

O pulso de Tiago acelerou.
Coincidência? Ou algo que nem sabia nomear?

“Fica aqui, querida,” sussurrou para Leonor, saindo do banco.

No balcão, pediu em voz baixa: “A empregada com o rabo de cavalo preto — posso falar com ela?”
A caixa hesitou, depois desapareceu pela porta basculante.

Os minutos arrastaram-se. Finalmente, a empregada surgiu.

De perto, o parecido era ainda mais impressionante — as mesmas sardas, a mesma pequena cicatriz junto à sobrancelha esquerda.
“Posso ajudar?” perguntou, cautelosa mas serena.

“Você parece… incrivelmente familiar,” disse Tiago, medindo as palavras. “Conheceu alguém chamada Beatriz Monteiro?”

Um breve clarão cruzou o rosto dela — desapareceu num instante.
“Não,” respondeu suavemente. “Lamento.”

Ele estendeu um cartão de visita. “Se lembrar de algo, por favor ligue.”

Ela sorriu educadamente, mas não o aceitou. “Tenha um bom dia, senhor.”

A mão dela tremia ao virar-se.

Naquela noite, Tiago não conseguiu dormir.
Seria possível?
Abriu o portátil e pesquisou registos públicos. A pastelaria não tinha lista de funcionários, mas encontrou um nome numa crítica online: Ana.

Ana.

Algo naquilo parecia… intencional.

De manhã, contratou um investigador discreto.
“Descubra tudo o que puder,” instruiu. “O nome dela é Ana. Trabalha numa pastelaria na Rua das Oliveiras. Parece exatamente com a minha falecida esposa.”

Três dias tensos depois, o investigador ligou.

“Tiago,” disse devagar, “o relatório do acidente da sua esposa não faz sentido. Os registos dentários nunca foram confirmados. A mulher identificada como Beatriz Monteiro pode não ter sido ela. E a empregada? O nome legal dela é Ana Sousa — mas foi alterado cerca de seis meses depois do acidente. O nome original dela… era Beatriz.”

Tiago apertou o telefone, tonto.
Beatriz. Viva.
Vivendo sob outro nome.

Na manhã seguinte, voltou à pastelaria sozinho.
Quando Ana o viu, não fugiu. Tirou o avental e indicou um beco sossegado ao lado do edifício.

“Pensei em quanto tempo levaria,” disse, os olhos brilhando de lágrimas contidas.

A voz de Tiago mal se ouvia. “Porquê? Porque desaparecer?”

“Não foi planeado,” respondeu. “Era para eu estar naquele carro. Na última hora, fiquei em casa porque a Leonor estava com febre. Horas depois, aconteceu o acidente. A minha carteira e o meu cartão estavam no assento do passageiro. Todos assumiram que…”

Respirou fundo, trêmula. “Quando vi as notícias, congelei. E por um momento, egoísta, pensei que talvez o mundo me estivesse a dar uma saída… uma bênção. As câmaras, a atenção constante, a pressão para ser perfeita — sentia que tinha me perdido. Queria recomeçar. Mas depois foi longe demais. Tive demasiado medo de voltar.”

Tiago engoliu em seco. “Todo este tempo… pensei que te tinha enterrado.”

Lágrimas escorriam-lhe pelo rosto. “Nunca deixei de amar-te ou à Leonor. Só me esqueci de me amar a mim mesma.”

“Então vem para casa,” disse ele. “Não como um fantasma. Como tu.”

Naquela noite, Tiago levou-a a casa.
Leonor correu para os braços da mãe com um suspiro de reconhecimento.
“Mamã?” sussurrou.

Beatriz apertou a filha, soluçando. “Sim, minha querida. A mamã está aqui agora.”

O reencontro não foi uma notícia ou um espetáculo. Tiago usou discretamente os seus recursos para resolver os detalhes legais da identidade de Beatriz.
Não houve comunicados à imprensa — apenas jantares em família, histórias antes de dormir e uma cura lenta.

Semanas depois, depois de deitar Leonor, Tiago perguntou: “Porque ficar desta vez?”

Beatriz sorriu através das lágrimas.
“Porque finalmente sei quem sou. Não apenas a mulher que todos queriam que eu fosse. Não apenas um nome nas notícias. Sou mãe. Sou eu mesma. E estou pronta para ser encontrada.”

Tiago pegou na sua mão e apertou-a com força.
E desta vez, ela não a soltou.

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