Na Noite de Nossas Bodas, Ao Ver o Corpo do Meu Marido, Entendi o Presente de Casamento da Família Dele…5 min de lectura

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Na noite do nosso casamento, ao ver o “lá em baixo” do meu marido, tremi e compreendi por que a família dele me ofereceu uma vivenda à beira do lago, avaliada em cerca de 1 milhão de euros, para casar com uma rapariga pobre como eu…

Chamo-me Leonor, tenho 26 anos, cresci numa família humilde nas terras ventosas e soalheiras do Alentejo. O meu pai faleceu cedo, a minha mãe ficou doente, e tive de abandonar a escola no 10.º ano para trabalhar como empregada. Depois de anos de luta, consegui um emprego como criada interna numa das famílias mais ricas de Lisboa — os Sousa Baião, residentes em São Pedro de Estoril.

O meu marido — Afonso Sousa Baião — é o único filho da família. É bonito, culto, tranquilo, mas há sempre uma distância invisível à sua volta. Trabalhei lá quase três anos, acostumei-me a baixar os olhos em silêncio, sem nunca ousar pensar que poderia entrar no mundo deles. Até que um dia, Dona Margarida Sousa Baião (mãe do Afonso) chamou-me à sala, colocou a certidão de casamento à minha frente e prometeu:
“Leonor, se aceitares casar com o Afonso, a casa do Lago Azul passará para o teu nome. É o nosso presente de casamento.”

Fiquei atordoada. Como poderia uma criada como eu comparar-se ao seu amado filho? Pensei que estivesse a brincar, mas o seu olhar era sério. Não entendi por que me escolheram; só sabia que a minha mãe estava gravemente doente e as despesas médicas mensais eram um fardo insuportável. A minha mente dizia para recusar, mas o meu coração frágil — e o amor pela minha mãe — fizeram-me acenar com a cabeça.

O casamento foi um luxo inimaginável no Hotel Palácio de Seteais. Vestia um vestido branco, sentada ao lado do Afonso, ainda a achar que era um sonho. Mas o seu olhar era frio e distante, como se guardasse um segredo que eu ainda não conhecia.

Na noite de núpcias, o quarto estava repleto de flores. Afonso, de camisa branca, tinha um rosto esculpido mas os olhos tristes e calmos. Quando se aproximou, o meu corpo inteiro tremeu. E, naquele momento, a verdade cruel revelou-se.

Afonso não era como os outros homens. Tinha um defeito congénito que o impedia de cumprir plenamente o papel de marido. Tudo se tornou claro: por que me deram a vivenda, por que permitiram que uma criada pobre entrasse numa família abastada — não porque eu fosse especial, mas porque precisavam de uma “esposa nominal” para Afonso.

Os olhos encheram-se-me de lágrimas — não sabia se era pena de mim ou dele. Afonso sentou-se quieto e disse: “Desculpa, Leonor. Não mereces isto. Sei que sacrificaste muito, mas a minha mãe… ela precisa que eu tenha uma família para se sentir em paz. Não posso ir contra a vontade dela.”

Na luz amarela do candeeiro, vi os seus olhos húmidos. Afinal, aquele homem frio também carregava uma dor profunda. Não era diferente de mim — ambos vítimas do destino.

Nos dias seguintes, a nossa vida era estranha. Não havia doçura entre marido e mulher, apenas respeito e cumplicidade. Afonso era gentil: perguntava-me pela manhã, levava-me a passear à beira do Lago Azul à tarde, jantávamos juntos à noite. Não me tratava como a criada de outrora, mas como uma companheira. E era isso que me deixava inquieta — o meu coração comovia-se, e a mente lembrava-me que este casamento nunca seria “completo” no sentido habitual.

Certa vez, ouvi Dona Margarida confidenciar ao médico da família: tinha uma doença no coração e pouco tempo de vida. Receava que, ao partir, Afonso ficasse para sempre sozinho. Escolheu-me porque viu que eu era gentil, trabalhadora e sem ambições; acreditava que eu ficaria ao lado dele e não o abandonaria por causa daquele defeito.

Ao saber a verdade, o meu coração revolteou-se. Pensara que era apenas uma “substituta” em troca de uma casa, mas afinal fui escolhida por amor e confiança. Naquele dia, prometi a mim mesma: não importava o que este casamento fosse, nunca deixaria Afonso.

Numa noite chuvosa na Ericeira, Afonso teve uma crise. Em pânico, levei-o ao Hospital de Santa Maria. No seu delírio, apertou a minha mão e murmurou:
“Se um dia te cansares, vai embora. A casa do lago é a tua compensação. Não quero que sofras por minha causa…”
Chorámos. Desde quando é que ele conquistara o meu coração? Apertei-lhe a mão:
“Não te largarei. És o meu marido — a minha família.”

Após a crise, Afonso acordou. Ao ver-me ali, os seus olhos encheram-se de lágrimas e calor. Não precisávamos de um casamento “perfeito”. Tínhamos compreensão — partilha — e um amor silencioso e duradouro.

A casa do Lago Azul deixou de ser uma “recompensa” para se tornar um verdadeiro lar. Plantei flores na varanda; Afonso montou um cavalete na sala. Todas as noites, sentávamo-nos lado a lado, a ouvir a chuva cair sobre os pinheiros, a falar dos nossos pequenos sonhos.

Talvez a felicidade não seja a perfeição, mas encontrar alguém que, apesar das imperfeições, escolhe amar e ficar. E eu encontrei essa felicidade… desde aquela noite de núpcias em que tremi de medo.

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