Na Minha Festa de Casamento, a Sogra Tentou Me Envenenar – Então Troquei os Copos6 min de lectura

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**Diário Pessoal**

Vi a mão dela pairar sobre a minha taça de champanhe por exatos três segundos. Três segundos que mudaram tudo. A taça de cristal estava sobre a mesa principal, à espera do brinde, esperando que eu a erguesse e bebesse aquilo que a minha nova sogra acabara de colocar lá dentro.

O pequeno comprimido branco dissolveu-se rapidamente, deixando quase nenhum traço nas borbulhas douradas. Leonor não sabia que eu estava a observá-la. Achava que eu estava do outro lado do salão, a rir com as minhas damas de honra, perdida no meu dia de casamento. Achava que estava sozinha. Achava que estava segura.

Mas eu vi tudo. O meu coração martelou contra as costelas enquanto a via olhar em volta, nervosa, os dedos bem cuidados a tremer enquanto os afastava do meu copo. Um sorriso pequeno e satisfeito curvou os seus lábios, o tipo de sorriso que me fez o sangue gelar. Não pensei. Apenas agi.

Quando Leonor voltou ao seu lugar, alisando o vestido de seda caríssimo e exibindo o sorriso perfeito de mãe do noivo, eu já tinha trocado os copos. O meu copo estava agora à frente da sua cadeira. O dela, o intocado, esperava por mim.

Leonor levantou a sua taça primeiro.

Os seus diamantes cintilavam sob a luz do lustre enquanto sorria — aquele sorriso ensaiado, perfeito, que enganava todos menos a mim. O fotógrafo disparava a câmara, os convidados riam, e a banda começou uma melodia suave de jazz.

“À família,” disse ela, a voz doce mas vazia.

Todos ergueram os copos.

“À família,” repeti, o pulso a bater tão forte que o ouvia nos ouvidos.

Os nossos olhares cruzaram-se através da mesa principal. Os dela estavam demasiado brilhantes, a expressão um pouco demasiado expectante.

E depois — ela bebeu.

Um gole lento, deliberado.

Observei a sua garganta mover-se, as borbulhas a deslizarem pelos lábios pintados. Cada instinto gritava que isto não podia estar a acontecer.

Mas estava.

E quando o copo dela tocou suavemente na toalha da mesa, soube que algo irreversível tinha começado.

**Uma Hora Depois**

A receção continuava em frenesim — risos, talheres a tilintar, o cheiro de pato assado e perfume de champanhe. O meu marido, Tiago, estava na pista de dança com os seus padrinhos, as faces coradas de felicidade.

Sorri quando ele olhou para mim. Até acenei.

Mas por dentro, estava a desfazer-me.

De vez em quando, olhava para Leonor. Ela sentava-se ao lado do marido, sorria de forma exagerada, a mão ocasionalmente a roçar a têmpora, como se algo a incomodasse.

A princípio, pensei que era culpa.

Depois, notei a cor a desaparecer-lhe do rosto.

Piscou os olhos rapidamente, uma, duas vezes — depois agarrou a borda da mesa enquanto a pulseira de diamantes escorregava pelo pulso.

Algo estava a acontecer-lhe.

O que quer que ela tivesse colocado no meu champanhe… agora corria nas suas próprias veias.

O meu estômago revirou-se.

Meu Deus.

E se ela não tivesse querido matar-me? E se fosse outra coisa — algo para me humilhar, ou deixar-me doente, ou…

Um baque suave cortou os meus pensamentos.

A cadeira de Leonor arrastou-se para trás. Ela balançou uma — duas vezes — e depois desmoronou-se, a cabeça a atingir o chão com um som surdo que cortou a música.

Seguiram-se gritos.

A banda parou. A multidão aglomerou-se.

Tiago gritou: “Mãe!” e ajoelhou-se ao lado dela.

Alguém chamou um médico. Alguém pediu uma ambulância.

Eu fiquei ali parada, congelada, o copo ainda frio na minha mão.

**Duas Horas Depois**

O salão da receção estava vazio. As luzes baixas. Luzes vermelhas e azuis piscavam contra as paredes de mármore lá fora.

Leonor tinha sido levada para o hospital. Tiago foi com ela. Eu fiquei para trás, rodeada de bolo meio comido e flores murchas.

A organizadora do evento murmurou algo sobre adiar a lua de mel. Acertei a cabeça, absorta.

O telemóvel vibrou. O nome de Tiago iluminou o ecrã.

Atendi com as mãos a tremer. “Como está ela?”

Ele respirou fundo. “Estão… a fazer exames. Acordou, mas está confusa. Os médicos dizem que a tensão arterial desceu de repente — acham que pode ter sido uma reação alérgica.”

Alérgica. O meu pulso acelerou.

“Vai ficar bem,” acrescentou ele rapidamente. “Vão mantê-la em observação durante a noite.”

Não sabia se sentir alívio ou terror.

Porque agora haveria perguntas.

E Leonor? Ela teria respostas.

**Na Manhã Seguinte**

Quando Tiago e eu chegámos ao hospital, Leonor estava sentada na cama, pálida mas alerta.

Os olhos dela encontraram os meus imediatamente. Algo frio e afiado brilhou neles.

“Oh, querida,” disse, a voz leve, demasiado doce. “Que noite horrível.”

Sorri levemente. “Estou feliz por estares melhor.”

“Eu também,” murmurou ela, e então os lábios curvaram-se ligeiramente. “Embora seja engraçado… não me lembro bem como aconteceu.”

“Talvez devas descansar,” disse Tiago, colocando um ramo de lírios brancos em cima da mesa.

“Vou descansar, meu amor,” sussurrou ela. “Mas antes de ires — gostaria de falar com a tua esposa sozinha. Só um momento.”

Tiago hesitou, depois beijou-lhe a testa. “Não te esforces demasiado, está bem?”

Quando ele saiu, o ar no quarto mudou — pesado, tenso.

Leonor virou a cabeça lentamente para mim. A doçura desapareceu-lhe do rosto.

“Trocastes os copos,” disse.

Não respondi.

Os lábios dela contraíram-se. “Pensas que não percebi? Vi que a marca do batom não era o meu. Esperta que és.”

A minha garganta secou. “O que puseste no meu copo?”

Ela sorriu levemente. “Adoravas saber.”

“Leonor—”

“Não era veneno,” disse, seca. “Não sou uma assassina. Era… um sedativo. Leve. Do tipo que te deixava tonta, desorientada. Terias tropeçado, talvez desmaiado. Os tabloides chamar-te-iam instável. E então o Tiago veria a verdade — que não és digna desta família.”

As palavras dela cortaram-me como vidro.

“Ias humilhar-me?”

“Estava a proteger o meu filho,” respondeu calmamente. “De ti.”

Avançei um passo, a voz a tremer. “Quase te mataste.”

O sorriso dela vacilou. Pela primeira vez, vi um lampejo de medo.

“Não foi essa a intenção,” sussurrou. “Pensei que—”

“Pensaste que podias controlar tudo.”

Silêncio.

Depois, ela inclinou-se para a frente, o tom venenoso. “Não pertences aqui. Vieste do nada. Enganaste-o — com esses olhos grandes e a tua história triste de orfã. Mas eu vejo-te. Estás atrás do dinheiro dele.”

Algo dentro de mim partiu-se.

“Não fazes ideia de quem eu sou,” disse baixinho.

Leonor sorriuE, quando a última bolha do champanhe desapareceu, soube que finalmente estávamos livres, embora as sombras do passado nunca nos largassem por completo.

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