Na Minha Festa de Casamento, a Sogra Mexeu No Meu Champanhe – Então Troquei Os Copos…6 min de lectura

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Hoje acordei acreditando em contos de fadas. A luz do sol entrava pelas janelas da suíte nupcial na Quinta das Rosas, iluminando tudo com um brilho dourado. A minha melhor amiga, Inês, já estava acordada, pendurando o meu vestido — um deslumbrante modelo marfim com mangas de renda delicada — perto da janela, onde a luz o envolvia.

«Hoje é o grande dia, Leonor», murmurou, os olhos brilhando. «Vais casar com o Rodrigo.»

Sorri até as bochechas doerem. Claro que sim. O meu Rodrigo. Depois de três anos juntos, finalmente iríamos dizer «sim».

«Nem acredito que isto está a acontecer», disse, apertando as mãos contra o estômago, onde as borboletas pareciam ter criado morada.

A minha mãe entrou pouco depois, com o cabelo e a maquilhagem já prontos, trazendo uma bandeja com café e pastéis de nata. «A minha filha linda», disse, abraçando-me com força. «Estou tão orgulhosa de ti.»

A minha irmã mais nova, Beatriz, apareceu atrás dela aos saltos, eufórica. «As flores acabaram de chegar e estão deslumbrantes! Leonor, está tudo perfeito!»

E estava. Pelo menos, julgava eu.

A cerimónia correu sem problemas. Desci o corredor da capela histórica ao braço do meu pai, que tentava esconder as lágrimas. As paredes estavam adornadas com milhares de rosas brancas e velas suaves. O Rodrigo estava no altar, tão belo como todos os meus sonhos, o cabelo escuro impecável, os olhos cinzentos fixos em mim com uma intensidade que me tirou o fôlego.

Quando levantou o meu véu e sussurrou: «És a coisa mais linda que já vi», acreditei que era o começo do meu «felizes para sempre». O seu melhor amigo, o Pedro, estava ao seu lado como padrinho, sorridente. O irmão mais novo do Rodrigo, o João, de dezanove anos, parecia desconfortável no fato, mas sorriu-me calorosamente. Sempre tivemos uma boa relação.

A Mãe do Rodrigo, a Sónia, sentava-se na primeira fila, enxugando os olhos com um lenço de renda, representando perfeitamente o papel da mãe emocionada. O pai do Rodrigo, o Eduardo, estava sério ao seu lado, como sempre. Dissemos os nossos votos. Troquei alianças. Beijámo-nos enquanto todos aplaudiam. Devia ter percebido que era demasiado perfeito para durar.

A receção decorreu no salão de baile da quinta, um espaço deslumbrante com tetos altos, lustres de cristal e janelas de onde se avistavam os jardins. Trezentos convidados enchiam o espaço: amigos, família, colegas de trabalho, primos distantes que mal conhecia. A primeira hora foi mágica. Dançámos a nossa primeira dança ao som de «Amar pelos Dois», de Salvador Sobral. Dancei com o meu pai enquanto ele chorava abertamente. O Rodrigo dançou com a mãe, que sorria com aquele sorriso controlado de sempre.

Estava a conversar com a Inês e a minha prima Mariana perto da pista de dança quando senti um arrepio na nuca, aquela sensação estranha de estar a ser observada. Virei-me e apanhei a Sónia a olhar para mim do outro lado da sala. Não era um olhar caloroso de uma sogra a admirar a nora. Era algo frio, calculista.

Quando os nossos olhares se cruzaram, a expressão dela mudou para um sorriso amável. Levantou ligeiramente a taça de champanhe, como se estivesse a brindar-me. Forcei um sorriso, mas o estômago revirou-se.

«Estás bem?», perguntou a Inês, tocando-me no braço.

«Estou», menti. «Só estou um pouco atordoada. Feliz, mas atordoada.»

Mas não estava bem. Algo estava errado, embora não conseguisse dizer o quê. A Sónia nunca me tinha recebido bem na família. Desde o dia em que o Rodrigo me apresentou, há dois anos, tinha sido fria, educada mas distante. Nunca disse nada diretamente cruel, mas eram mil pequenos cortes: comentários sobre o meu emprego como professora não ser suficientemente prestigiado, perguntas sobre a minha família que pareciam interrogatórios, sugestões de que o Rodrigo devia «manter as opções em aberto», já que era «tão novo».

O Rodrigo sempre ignorou. «A minha mãe é só protetora», dizia. «Ela vai acabar por gostar de ti.» Mas nunca gostou.

As semanas antes do casamento foram tensas. A Sónia tinha opiniões sobre tudo: a quinta era demasiado modesta, o meu vestido era demasiado simples, a lista de convidados tinha demasiada gente da minha família e pouca da dela. Tentou tomar conta dos preparativos, sugerindo que adiássemos para «fazer tudo como deve ser», com o seu organizador de eventos, o seu catering, a sua visão.

Eu mantive-me firme. Era o meu casamento — o meu e do Rodrigo. Ela sorriu e disse: «Claro, querida. O que achares melhor.» Mas os olhos dela eram gelo. Agora, a vê-la a circular entre os convidados, perfeita no seu vestido de designer, o cabelo impecável, a postura controlada, o meu desconforto crescia.

«Os brindes vão começar», disse a Beatriz, aparecendo ao meu lado com uma nova taça de champanhe. «Estás pronta?»

Agarrei na taça, o cristal fresco na minha mão. «Tão pronta quanto posso estar.»

As taças tinham sido dispostas na mesa principal mais cedo, preparadas pela equipa de catering. Uma para mim, uma para o Rodrigo, uma para cada membro da cerimónia e uma para cada pai que iria brindar. Coloquei a minha taça no lugar marcado e fui retocar a maquilhagem na suíte nupcial. A Inês acompanhou-me, a tagarelar sobre como tudo estava perfeito, como o Rodrigo estava deslumbrante e como a cerimónia tinha sido romântica.

Quando voltámos ao salão quinze minutos depois, o DJ anunciava que os brindes iam começar. Os convidados sentavam-se, e a energia na sala mudou à medida que todos aguardavam os discursos. Estava a meio do salão, a rir-me de algo que a Inês dissera, quando a vi. A Sónia. Parada junto à mesa principal. Sozinha.

As costas estavam viadas para mim, mas via o braço estendido, a mão a pairar sobre as taças de champanhe. Parei de repente, o coração a bater com força. O que estava ela a fazer? Olhou para os lados, certificando-se de que ninguém a via. Depois, a mão moveu-se rápido, algo pequeno e branco caindo da ponta dos dedos para dentro de uma das taças. A minha. Sabia pela posição — a terceira a partir da esquerda, exatamente onde a tinha colocado.

O comprimido dissolveu-se quase instantaneamente nas bolhas. A Sónia afastou a mão, alisou o vestido e virou-se, regressando à sua mesa com passos rápidos. O meu corpo inteiro gelou.

A Inês ainda falava, alheia. «… e viste como o teu pai chorou? Foi tão bonito.»

«Espera», interrompi, a voz estranha e distante nos meus próprios ouvidos.

Avancei devagar em direção à mesa, a mente a mil. Tinha mesmo visto o que julgava ter visto? A Sónia seria capaz de algo assim? Mas sabia o que tinha testemunhado. Não havia dúvidas. A questão era: o que fazer?

Podia gritar, criar uma cena, acusá-la à frente de todos. Mas e se estivesse errada? E se fosse algo inocente?Olhei para o Rodrigo, os olhos cheios de lágrimas, e finalmente entendi que o nosso amor era forte o suficiente para sobreviver até mesmo à traição mais obscura.

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