Marido Abandona Esposa Após 17 Anos, Mas a Despedida Dela é Inesperada6 min de lectura

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*Diário Pessoal*

Beatriz estava à janela, observando as gotas de chuva escorrerem pelo vidro, formando padrões caprichosos. Dezassete anos — era muito ou pouco? Lembrava-se de cada dia do casamento, cada aniversário, cada presente. E agora tudo desmoronava.

“Precisamos conversar,” disse Alexandre.
“Vou embora, Beatriz. Com a Soraia.”

Silêncio. Apenas o tique-taque do relógio de parede, um presente da sua mãe, quebrava a calma da sala.
“Com aquela aluna da tua faculdade?” A sua voz soou surpreendentemente serena.

“Sim. Entende, os meus sentimentos mudaram. Quero novas emoções, novas experiências. És uma mulher inteligente, deves compreender.”

Beatriz sorriu.

“Tens a certeza?” perguntou.
“Claro,” respondeu Alexandre. “Já arrumei as minhas coisas.”

Então, dirigiu-se ao armário e tirou aquela garrafa especial que guardavam para uma ocasião.

“Bem, suponho que este é um momento muito especial,” começou, desarrolhando a garrafa. “Sabes? Proponho um jantar de despedida. Convida os teus amigos, a tua família. Dezassete anos não é brincadeira.”

Alexandre ficou surpreendido:
“Queres… queres fazer uma festa para o nosso divórcio?”

“Por que não?” Beatriz sorriu. “Vamos terminar a nossa vida a dois com estilo. Afinal, sou uma mulher inteligente, lembras-te?”

Começou a enviar mensagens aos familiares e amigos.
“Amanhã às sete da noite. Vou preparar os teus pratos favoritos. Considera isto a minha despedida.”

Alexandre ficou parado, sem saber o que dizer. Esperava lágrimas, nervosismo, recriminações — tudo menos esta aceitação tranquila.

“E sim, diz à Soraia que também está convidada. Quero conhecer a rapariga que conseguiu o que eu não consegui em todos estes anos: trazer algo novo à tua vida.”

No dia seguinte, Beatriz acordou cedo.
Ligou cuidadosamente para os bancos, encontrou-se com um advogado e preparou a papelada. Tudo estava pronto.

Ao anoitecer, o apartamento espaçoso encheu-se do aroma de pratos requintados. Beatriz pôs a mesa, arrumando a melhor louça — um presente de casamento da sua sogra.

“Tem de estar tudo perfeito,” murmurou.

A sogra, Dona Irene, abraçou-a com constrangimento:
“Beatriz, talvez ainda haja uma chance de mudar tudo?”

“Não, Mãe. Às vezes, temos de tomar a decisão certa e deixar ir.”

Lentamente, os amigos começaram a chegar.

“Entrem, sentem-se,” orientou Beatriz, indicando-lhes os lugares à mesa. “Esta noite, vocês são os protagonistas.”

Quando todos se sentaram, Beatriz levantou-se, segurando uma taça:

“Queridos amigos! Hoje é um dia especial. Reunimo-nos aqui para celebrar o fim de uma história e o início de outra.”

Virou-se para Alexandre:
“Alexandre, quero agradecer-te pelos dezassete anos que passámos juntos. Por todos os altos e baixos, as alegrias e tristezas que partilhámos. Ensinaste-me muitas coisas. Por exemplo, que o amor pode tomar muitas formas.”

Um murmurinho incómodo atravessou a sala. Soraia torcia um guardanapo, evitando o olhar de todos.

“E também me ensinaste a prestar atenção aos detalhes,” Beatriz continuou. “Especialmente os financeiros.”

Começou a colocar os documentos em cima da mesa:
“Aqui está o empréstimo do teu carro, tirado em conta conjunta. Aqui estão os impostos atrasados da tua empresa. E isto — isto é particularmente interessante — são os recibos de restaurantes e joalharias do último ano. Suponho que querias impressionar a Soraia.”

Alexandre empalideceu. Soraia ergueu a cabeça bruscamente.

“Mas o mais importante,” disse Beatriz, puxando o último documento, “é o nosso acordo pré-nupcial. Lembras-te de o assinar sem ler? Há uma cláusula interessante sobre a divisão de bens em caso de infidelidade.”

O silêncio na sala tornou-se ensurdecedor.

“O apartamento está em meu nome,” prosseguiu. “Já congelei as contas. E o pedido de divórcio foi entregue ontem à noite.”

Virou-se para Soraia:
“Querida, tens a certeza que queres ligar a tua vida a um homem sem casa, sem poupanças, mas com muitas dívidas?”

“Com licença, tenho de ir,” Soraia disse baixinho.

Dona Irene abanou a cabeça:
“Alexandre, como pudeste? Criámo-te melhor.”

“Mãe, não percebes…” Alexandre tentou, mas o pai interrompeu:

“Não, filho, é tu que não percebes. Dezassete anos não é brincadeira. E arruinaste tudo — por um caso com uma aluna?”

Os amigos à mesa mantinham-se em silêncio, evitando olhares. Apenas Miguel, o melhor amigo de Alexandre desde a escola, murmurou:
“Alexandre, realmente fizeste asneira.”

Beatriz permaneceu de pé, segurando a taça.
“Sabes o que é mais interessante? Todos estes anos pensei que o nosso amor era único. Que éramos um daqueles casais de contos de fadas que ficam juntos até ao fim. Ignorei as tuas noites tardias no trabalho, as tuas chamadas estranhas, as tuas gravatas e camisas novas.”

Deu um gole.

“E então reparei nos recibos. Jóias, o restaurante ‘Casa da Praia’, o spa… Engraçado, não é? Levaste-a aos mesmos sítios aonde me levaste.”

Soraia regressou, mas não se sentou. Ficou à porta, apertando a mala.
“Alexandre, acho que precisamos de falar. A sós.”

“Claro, amor,” ele levantou-se, mas Beatriz deteve-o com um gesto.

“Espera. Ainda não acabei. Lembras-te do nosso primeiro apartamento? Aquele T1 na periferia? Éramos tão felizes lá. Disseste que não precisávamos de nada além um do outro.”

Sorriu.
“E agora olha para ti. Fatos caros, um carro de luxo, uma amante jovem… Mas aqui está o truque: tudo isto foi construído sobre mentiras e dívidas.”

A voz de Soraia tremeu: “Disseste-me que já estavas divorciado. Que vivias separado. Que ias comprar-nos um apartamento.”

“Soraia, eu explico tudo.”

Um silêncio pesado encheu a sala. Sem mais uma palavra, Soraia virou-se e saiu a correr do apartamento.

“Beatriz,” Alexandre disse, segurando a cabeça. “Por que estás a fazer isto?”

“Porquê?” Ela riu. “O que esperavas? Que chorasse e te implorasse para ficares? Que me arrastasse aos teus pés?”

Olhou em volta.
“Sabes o que é mais engraçado? Eu realmente te amei. Cada ruga, cada cabelo branco. Até o teu ressonar à noite me era querido. Estava pronta para envelhecer contigo, para criar netos.”

“Querida,” sussurrou Dona Irene, “talvez não valha a pena.”

“Não, Mãe, vale,” Beatriz ergueu a voz pela primeira vez naquela noite. “Que todos saibam. Que saibam como o teu filho tirou empréstimos para comprar presentes às amantes. Como usou o dinheiro que era nosso. Como mentiu a mim, a ti, a toda a gente.”

Espalhou outro documento:
“E isto é especialmente interessante. Lembras-te, Alexandre, há três meses pediste-me paraAlexandre ficou sozinho naquele apartamento vazio, enquanto Beatriz fechava a porta da sua vida passada e caminhava em direção ao sol que raiava sobre o Tejo, finalmente livre.

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