Jovem Paga Ciclistas para Se Vingar do Padrasto Violento3 min de lectura

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Era uma tarde quente na típica esplanada de um café em Lisboa, quando um menino se aproximou da nossa mesa, onde estávamos reunidos os veteranos do clube de motards. Ele usava uma camiseta com um dragão e olhou-nos com seriedade antes de perguntar:

*”Podem matar o meu padrasto?”*

Os rumores cessaram. Quinze homens de jaquetas de couro, endurecidos pela vida, ficaram imóveis a olhar para aquela criança que fazia um pedido tão grave como se estivesse a pedir mais açúcar para o pastel de nata.

A mãe dele estava na casa de banho, alheia ao facto de o filho ter ido ter com a mesa mais temida daquele *Pastelaria Versailles*, sem saber que o que ele estava prestes a revelar iria mudar as nossas vidas para sempre.

*”Por favor,”* acrescentou o menino em voz baixa, mas firme. *”Tenho cento e vinte euros.”*

Tirou notas amarrotadas do bolso e colocou-as sobre a mesa, entre chávenas de café e metades de pastéis de bacalhau mal comidos.

As suas mãozinhas tremiam, mas os olhos… aqueles olhos não estavam a brincar.

*”O Grande Domingos”*, o nosso presidente e avô de quatro netos, inclinou-se até à altura dele.
*”Como te chamas, campeão?”*

*”Gonçalo,”* sussurrou o menino, olhando nervosamente para os lavabos. *”A minha mãe já vem. Ajudam-me ou não?”*

*”Gonçalo, porque queres que façamos mal ao teu padrasto?”* perguntou Domingos com suavidade.

O menino puxou o colarinho da camiseta. Marcas roxas rodeavam-lhe o pescoço.
*”Ele disse que, se eu contar a alguém, vai magoar ainda mais a minha mãe. Mas vocês são motards. São fortes. Podem pará-lo.”*

Foi então que reparámos no que não tínhamos visto antes: a forma como ele andava, inclinado para um lado. O pulso direito estava engessado. O hematoma amarelado no queixo, mal disfarçado com maquilhagem barata.

*”E o teu pai?”* perguntou o *”Costela”*, o nosso encarregado da segurança.

*”Morreu. Acidente de carro quando eu tinha três anos,”* disse Gonçalo, os olhos fixos na porta da casa de banho. *”Por favor, a minha mãe já vem. Sim ou não?”*

Antes que alguém respondesse, uma mulher saiu do lavabo. Bonita, na casa dos trinta, mas com movimentos cautelosos de quem esconde dor. Ao ver Gonçalo à nossa mesa, o pânico cruzou-lhe o rosto.

*—Gonçalo! Desculpem, está a incomodar…*

Correu para nós, e vimos todos como ela cerrou os dentes ao mover-se rápido demais.

*”Não há qualquer incómodo, minha senhora,”* disse Domingos, erguendo-se devagar para não a assustar. *”Tem um filho muito corajoso.”*

Ela agarrou a mão de Gonçalo, e reparei como a base do seu rosto se desfazia, revelando hematomas que combinavam com os do filho.
*—Temos de ir. Vamos, meu amor.*

*”Na verdade,”* Domingos falou com calma, *”porque não se senta connosco? Íamos pedir sobremesa. A conta é nossa.”*

Os olhos dela alargaram-se de medo.
*—Não podemos…*

*”Insisto,”* disse Domingos, num tom que deixava claro não ser apenas um convite. *”O Gonçalo contou-me que gosta de dragões. O meu neto também.”*

Ela sentou-se com cautela, apertando o filho contra si. O menino olhou entre nós e a mãe, esperança e medo misturados no seu rostinho.

*”Gonçalo,”* Domingos falou, *”preciso que sejas muito corajoso agora. Mais do que quando nos pediste o que pediste. Consegu*”Consegues?”* perguntou Domingos, e o menino, com lágrimas nos olhos mas a cabeça erguida, respondeu: *”Sim, porque hoje a nossa história muda.”*

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