Gêmeos cegos en família rica recuperam a visão graças a uma atitude inesperada da nova babá3 min de lectura

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Ramiro Valente percorria o corredor principal da sua mansão como se atravessasse um museu abandonado. Mármore impecável, lustres de cristal, quadros de pintores famosos pendurados em paredes tão mortas quanto ele. Tudo brilhava, mas nada tinha vida. A sua fortuna levara-o longe: investimentos, prédios, viagens, luxos. Mas o que nunca conseguira comprar era o que mais desejava: a visão dos seus filhos. Tomás e Duarte, gémeos de 8 anos, tinham nascido cegos.

Os médicos disseram, no início, que era uma cegueira transitória, algo que poderia melhorar com terapias, cirurgias experimentais, tratamentos caríssimos no estrangeiro. Ramiro gastara milhões em cada tentativa. Assinara papéis desesperados, voara com eles de país em país à procura de uma resposta.

O resultado era sempre o mesmo: esperança, desilusão, silêncio. A mansão transformara-se num espaço mudo. Os gémeos passavam os dias com tutores particulares que lhes ensinavam braille, exercícios motores e jogos adaptados, mas a sensação que permeava tudo era de claustro. As crianças não riam como as outras. Não corriam pelos corredores, não se maravilhavam com a cor de um brinquedo, nem apontavam para nada. A casa não tinha gritos infantis, perguntas inocentes, nem cores.

Ramiro, parado diante das janelas, observava o jardim banhado pelo sol da manhã. Tudo estava coberto de verde vibrante, mas o único contraste que o atingia era cruel: os filhos jamais veriam aquilo. Foi então que ouviu os passos da sua assistente, Margarida, a aproximar-se.

—Senhor Valente — disse, com um respeito ensaiado —, chegou a nova ama.

Ramiro virou a cabeça lentamente. Já tinham passado quatro em menos de dois anos. Todas partiam exaustas ou frustradas. “Não sabemos lidar com eles”, diziam. “É demasiado difícil.” E, em parte, ele não as culpava.

—Que entre.

A porta abriu-se e apareceu Leonor, uma jovem de rosto simples, cabelo escuro apanhado numa trança e olhos que pareciam observar tudo com uma calma invulgar. Não se vestia como as amas anteriores, que chegavam impecáveis com roupas caras. Ela usava um vestido modesto, sapatos confortáveis e uma mala desgastada ao ombro.

Ramiro encarou-a de alto a baixo com frieza.

—Então é a tal recomendada pela fundação?

—Sim, senhor Valente. Leonor Lopes. Trabalhei com crianças com deficiência sensorial — respondeu, com voz firme, sem hesitar.

Ramiro apertou os olhos.

—Aviso-a já de uma coisa. Não espero milagres. Os meus filhos não precisam de brincadeiras infantis para se distraírem. Precisam de disciplina, estrutura, ordem. Se o que quer é enchê-los de falsas esperanças, pode sair agora mesmo.

Leonor manteve o olhar.

—Não quero dar esperanças falsas, senhor Valente. Mas acredito que os seus filhos podem aprender a ver de outra forma.

O silêncio que se seguiu foi incómodo. Margarida piscou, surpresa. Ninguém costumava contrariar o milionário na sua própria casa. Ramiro, endurecido, soltou uma risada curta e seca. Os gémeos do milionário eram cegos… até que a nova ama fez algo que mudou tudo.

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