Filhos abandonam pai no bosque para herança, mas o lobo surpreendeu a todos2 min de lectura

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A floresta mergulhava numa escuridão densa. No chão húmido, aos pés de uma velha azinheira, estava sentado um homem idoso. A respiração pesada, as mãos tremiam de frio, os olhos cheios de desespero. Os próprios filhos o trouxeram até ali e o abandonaram como lixo.

Há muito que os filhos aguardavam sua morte. A herança — uma grande casa, terras, dinheiro — seria deles. Mas o velho teimava em não morrer. Então, decidiram apressar o fim: deixaram-no no meio da mata, sem comida, sem água, na esperança de que os animais selvagens fizessem o trabalho, e a polícia achasse que fora um acidente.

O pobre homem encostou-se à árvore, temendo cada som ao seu redor. Ao longe, o vento uivava, mas por entre ele vinha outro som — o uivar dos lobos. Sabia que o fim se aproximava.

— Meu Deus… será assim… — murmurou, juntando as mãos em prece.

Nesse momento, um galho estalou. Depois outro. Os ruídos aproximavam-se. O velho tentou levantar-se, mas o corpo não obedecia. Os olhos procuravam na escuridão, até que, de entre os arbustos, surgiu um lobo.

O animal avançou lentamente. O pelo brilhava sob a luz da lua, os olhos faiscavam. Mostrou os dentes e aproximou-se.

“É o fim”, pensou o velho.

Fechou os olhos e rezou em voz alta, à espera da dor dos dentes afiados. Mas de repente, aconteceu o que nunca esperaria.

O lobo não atacou. Aproximou-se, parou, e então… baixou a cabeça e uivou suavemente, como se falasse com ele.

Sem entender, o homem estendeu a mão — e o animal não recuou. Pelo contrário, deixou-se tocar o pelo espesso.

Foi então que o velho se lembrou. Anos atrás, quando ainda era forte, encontrara um lobo jovem preso numa armadilha de caçadores.

Na época, não hesitara. Arriscando-se, libertara o animal das garras de ferro. O lobo fugira, sem olhar para trás… Mas, ao que parecia, não esquecera.

Agora, aquele predador solitário curvava-se diante dele, como diante de um salvador. O lobo agachou-se, como a dizer: “Sobe”.

Com dificuldade, o velho agarrou-se ao pescoço forte do animal. O lobo ergueu-se e carregou-o pela floresta adentro. O homem ouvia os galhos a partir-se sob as patas, vultos de outros animais a espreitar, mas nenhum ousava aproximar-se.

Alguns quilómetros depois, avistou-se luz — uma aldeia. Ao ouvirem os cães a ladrar, as pessoas saíram e viram o inacreditável: um lobo enorme depositava cuidadosamente um homem frágil, mas vivo, à porta deles.

Quando o velho se viu aquecido, sob o teto de gente bondosa, chorou. Não de medo, mas por saber que um animal fora mais humano que seus próprios filhos.

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