Diziam que nenhuma babá sobrevivia um dia com os trigêmeos do bilionário—nenhuma. A mansão de Eduardo Sousa, magnata do petróleo e um dos homens mais ricos de Lisboa, era tão bonita quanto um palácio. Mas por trás dos portões imponentes e dos pisos de mármore polido viviam três terrorzinhos: Rodrigo, Rafael e Rita, trigêmeos de seis anos com mais energia que um furacão e menos paciência que uma tempestade de verão.
Em menos de cinco meses, Eduardo já contratara e perdera doze babás. Algumas fugiam em lágrimas, outras saíam com raiva, e uma jurou nunca mais pisar numa mansão. As crianças gritavam, faziam birras e destruíam tudo no caminho. A mãe deles morrera no parto, e Eduardo, embora rico e poderoso, nunca soubera lidar com o caos.
Até que apareceu Beatriz Almeida, uma viúva de 32 anos com pele morena, olhos serenos e uma bolsa de nylon debaixo do braço. Ela tinha um motivo para estar ali—a filha, Leonor, estava no hospital com um problema cardíaco, e Beatriz precisava do dinheiro para mantê-la viva.
A governanta, cansada de treinar babás que não duravam, mal falou ao entregar o uniforme. “Comece na sala de brincar,” murmurou. “Você vai ver.”
Assim que Beatriz entrou, viu a destruição. Brinquedos espalhados pelo chão, sumo derramado nas paredes e os trigêmeos pulando no sofá como se fosse um trampolim. Rodrigo atirou um carrinho na direção dela. Rita cruzou os braços e gritou: “Não gostamos de você!” Rafael apenas sorriu e derramou uma caixa de cereais no tapete.
A maioria das babás teria gritado, implorado ou fugido. Beatriz não fez nada disso. Apenas apertou o lenço na cabeça, pegou um esfregão e começou a limpar. Os trigêmeos pararam por um instante, confusos. Ninguém gritando? Ninguém chorando? Só… limpando?
“Ei, você devia nos impedir!” Rodrigo berrou. Beatriz olhou para ele, calma e firme. “Crianças não param quando mandam. Elas param quando percebem que ninguém entra no jogo delas.” Depois, voltou a esfregar.
Lá em cima, Eduardo Sousa observava pelo terraço, os olhos cinzentos estreitados. Ele já vira muitas mulheres falharem naquela mesma sala. Mas havia algo diferente em Beatriz—algo inabalável na forma como se movia.
E embora os trigêmeos não tivessem acabado, Beatriz também não.
Na manhã seguinte, ela acordou antes do amanhecer. Varreu a escada de mármore, ajustou as cortinas e preparou um prato de comida para as crianças. Mal colocou na mesa quando os trigêmeos invadiram como pequenos redemoinhos.
Rodrigo subiu numa cadeira e gritou: “Queremos gelado ao pequeno-almoço!” Rita deu um pontapé na mesa e cruzou os braços. Rafael pegou um copo de leite e virou de propósito.
A maioria das mulheres teria entrado em pânico. Em vez disso, Beatriz olhou para eles com calma e disse: “Gelado não é para o pequeno-almoço, mas se comerem a comida, talvez possamos fazer juntos mais tarde.”
Os trigêmeos pestanejaram, surpresos com a voz tranquila. Beatriz não ralhou, não gritou. Apenas entregou um prato a cada um e virou as costas, continuando o seu trabalho. Aos poucos, a curiosidade venceu. Rodrigo cutucou os ovos com um garfo. Rita revirou os olhos, mas começou a mastigar. Até Rafael, o mais teimoso, sentou-se e deu uma mordisca.
Ao meio-dia, a batalha recomeçou. Pintaram as paredes, esvaziaram os caixotes de brinquedos, e Rita escondeu os sapatos de Beatriz no jardim. Mas cada vez, ela respondia com a mesma paciência. Limpava, reorganizava e nunca levantava a voz.
“Você é chata,” Rafael reclamou. “As outras costumavam gritar.”
Beatriz sorriu levemente. “É porque elas queriam vencer. Eu não estou aqui para vencer. Estou aqui para vos amar.”
As palavras silenciaram-nos por um momento. Ninguém nunca tinha falado assim antes.
Eduardo também notou a mudança. Uma noite, chegou mais cedo e encontrou os trigêmeos sentados no chão, desenhando em silêncio enquanto Beatriz cantarolava uma antiga canção de igreja. Pela primeira vez em anos, a casa não parecia um caos.
Mais tarde, ele parou Beatriz no corredor. “Como é que você faz isso? Eles afastaram toda a gente.”
Ela baixou o olhar. “Crianças testam oFinalmente, Eduardo, emocionado, olhou para Beatriz e disse: “Você não cuidou apenas deles, cuidou de nós todos,” e naquele momento, soube que nunca mais deixaria ela ir.





