A Madrastra Humilhou a Enteada, Mas o Segredo do Mendigo Chocou a Todos no Casamento4 min de lectura

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O sol abrasador de Lisboa caía sem piedade sobre a Avenida da Liberdade, onde João, um jovem de 28 anos com cabelo despenteado e roupas esfarrapadas, estava sentado no passeio. Seus olhos azuis, outrora cheios de vida, agora estavam apagados pelo cansaço e pela fome. As costelas marcadas sob a camisa rasgada denunciavam semanas de alimentação escassa. João observava o frenético vai e vem das pessoas, sentindo-se invisível no meio da multidão.

O estômago roncou com dor, lembrando-lhe que não comia há mais de dois dias. “Só mais um dia, João, tu consegues. Hoje alguém vai reparar em ti”, murmurou para si mesmo, tentando manter viva a esperança.

Mas quem é que eu penso que engano? Ninguém olha duas vezes para um sem-abrigo, pensou, com uma voz interior carregada de amargura. As horas passavam lentamente, e João lutava contra a tentação de revirar os caixotes do lixo à procura de sobras. Prometera a si mesmo não cair tão baixo, mas a fome era um inimigo sem piedade.

Seus olhos seguiam, sem querer, cada pessoa que passava com sacos de comida ou copos de café. O cheiro de uma bifana que vendiam na esquina atormentava-lhe os sentidos, fazendo-o salivar enquanto o estômago protestava com mais força. Talvez devesse tentar outra vez naquele abrigo.

Não… não posso. A última vez… João estremeceu, deixando o pensamento incompleto.

Por que as coisas tinham de chegar a este ponto? Quem me dera não ter crescido assim. Quem me dera ter tido uma família, um lar. A mente vagueava, recordando com dor o passado.

À medida que a tarde avançava, o desespero de João crescia. Observava outros sem-teto a aproximarem-se dos transeuntes, pedindo umas moedas, mas ele não encontrava coragem para fazer o mesmo. O orgulho, a única coisa que lhe restava, detinha-o.

Um homem mais velho, sentado não muito longe, fitou-o com uma mistura de compaixão e entendimento.
“Rapaz, às vezes as coisas parecem sem esperança, mas nós sobrevivemos,” disse com voz rouca, marcada pela idade e pela vida na rua.
“Eu sei, mas… às vezes parece que a nossa vida aqui nunca vai mudar. Só temos umas moedinhas que a boa gente nos dá, mas precisamos de mais oportunidades de trabalho, um sítio para viver e comida decente na mesa,” respondeu João, com voz trémula entre a esperança e a descrença.

De repente, como se o universo tivesse ouvido o seu pedido silencioso, uma senhora de meia-idade parou diante dele. Sem dizer uma palavra, entregou-lhe um saco de papel com uma sanduíche quente.

O cheiro do pão acabado de sair do forno e da carne grelhada encheu-lhe as narinas, fazendo o estômago revolver-se de antecipação. João levantou os olhos para a mulher, com os olhos cheios de gratidão.
“Obrigado, senhora. Não faz ideia do que isto significa para mim,” disse, a voz embargada pela emoção.

A mulher apenas sorriu com doçura e seguiu caminho, deixando João maravilhado com aquele gesto de bondade. Talvez ainda houvesse compaixão neste mundo.

Talvez não estivesse completamente sozinho, pensou, sentindo uma centelha de esperança acender-se no peito. Ao preparar-se para saborear a valiosa sanduíche, o olhar pousou sobre dois homens sentados perto. Os rostos magros e olhos famintos eram um reflexo da sua própria situação.

Sem hesitar, João dividiu a sanduíche em três partes e ofereceu-as aos companheiros de infortúnio.
“Rapazes, vamos partilhar. Ninguém devia passar fome se pudermos ajudar-nos uns aos outros,” disse, com voz rouca mas amável.

Do outro lado da rua, duas mulheres observavam a cena. Inês, uma jovem de cabelo castanho comprido e olhos verdes compassivos, sentiu o coração apertar ao testemunhar aquele ato de generosidade. Deu um passo em frente, decidida a oferecer mais ajuda, quando sentiu um puxão forte no braço.

Vitória, a sua madrasta, uma mulher de meia-idade com feições duras e olhar frio, segurava-a com força.
“Nem penses, Inês. Não vou permitir que te mistures com essa gente,” sussurrou com raiva, os olhos cinzentos a cintilar de irritação.

“Mas, Vitória, eles precisam de ajuda. Como podemos simplesmente ignorá-los?” protestou Inês, a voz trémula de comoção e revolta.

Vitória arrastou Inês para longe, os saltos a ecoar no passeio enquanto se dirigiam a uma loja de luxo. O contraste entre as montras reluzentes e a dura realidade da rua era avassalador. Inês resistiu, os olhos ainda fixos em João e nos companheiros.

Vitória parou bruscamente, virando-se para a encarar. O rosto era uma máscara de repulsa e fúria contida.
“Perdeste a cabeça, Inês? Essa gente é perigosa. Provavelmente usariam o dinheiro que lhes desses para drogas ou álcool,” cuspiu, num tom cortante.

“Não sabes disso, Vitória. Aquele homem acabou de partilhar a única comida que provavelmente teve hoje. Como podes ser tão insensível?” replicou Inês, a voz a tremer de indignação.

A vida ensina que a compaixão custa pouco, mas pode significar tudo para quem nada tem.

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