A Esposa Viajou a Trabalho por um Mês… e ao Voltar, Se Chocou com o que Encontrou Sob o Travesseiro do Marido.6 min de lectura

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*Lisboa, início de maio. A primeira chuva da estação caiu de repente, como os suspiros de uma mulher que acabara de sair do aeroporto após um mês de trabalho intenso no Porto. Beatriz arrastava a mala, o coração acelerado de emoção. Não era apenas pelo sucesso do projeto—apesar de isso também enchê-la de orgulho—mas porque, finalmente, voltava para casa. Para o lado de Rodrigo, o homem que lhe dizia “amo-te” todas as noites antes de adormecer.*

Beatriz abriu a porta com a digital, o coração a bater como na primeira visita à casa do namorado. A moradia de dois andares estava em silêncio, cheirando a limpeza recente. Mal pousara a mala, ouviu passos apressados descendo as escadas.

*”Estás de volta, amor!”* Rodrigo exclamou, abraçando-a como se não a visse há um ano. Apertou-a com tanta força que ela quase perdeu o fôlego, e depois sorriu, radiante: *”Vamos para o quarto! Senti tanto a tua falta!”*

Beatriz riu, aconchegando-se no seu ombro. O cheiro da pele dele, a respiração acelerada, o brilho nos olhos—tudo a fazia sentir-se em paz. Acenou. *”Deixa-me tomar um banho antes.”*

Rodrigo fez beicinho, mas aceitou. Enquanto ela se lavava, ele pôs música suave e preparou-lhe um sumo de laranja, que deixou na mesa. Pequenos gestos, mas que significavam tudo para Beatriz.

Naquela noite, abraçaram-se como se nunca tivessem estado separados. Rodrigo sussurrou-lhe palavras doces, e Beatriz sentiu-se sortuda. Sabia que muitas mulheres carregavam o mundo sozinhas, mas ela tinha um homem que a cuidava e a fazia sentir amada.

Na manhã seguinte, Rodrigo levantou-se cedo para preparar o pequeno-almoço: ovos, pão e um galão fresco, do jeito que ela gostava. *”Melhoras, amor,”* disse.

Beatriz sorriu, feliz. Talvez dissessem que os homens portugueses não eram românticos, mas o seu marido era a exceção.

Mas a felicidade, por vezes, é como o vidro: transparente, bonito… e frágil.

Três dias depois, Beatriz encontrou uma pulseira de cabelo vermelha debaixo da almofada. Não era dela. Nunca usava aquele tipo, muito menos naquela cor.

Segurou-a entre os dedos por um longo momento. Não sentiu ciúmes cegos ou fúria, apenas uma tristeza profunda, como uma melodia que se desvanece. Porque as mulheres têm um sexto sentido. Não disse nada.

Naquela noite, ao deitar a cabeça no braço de Rodrigo, perguntou suavemente: *”Enquanto estive fora… alguém veio cá a casa?”*

Rodrigo respondeu sem hesitar: *”Só o Duarte veio pedir a furadeira, mais ninguém.”*

Beatriz acenou em silêncio, mantendo o rosto impassível. O sorriso nos lábios era forçado. Rodrigo não notou nada—ou fingiu não notar. Continuou a abraçá-la, contando histórias sobre o trabalho. Mas aquelas palavras, que deviam preencher a distância, só alargavam o vazio no seu peito.

O sexto sentido dizia-lhe que algo estava errado. A pulseira vermelha. Um embrulho de rebuçado estranho debaixo da cama. O reflexo nervoso de Rodrigo ao receber uma mensagem e virar o telemóvel. Tudo se encaixava num puzzle doloroso.

Numa noite, esperou que Rodrigo adormecesse. Pegou no telemóvel dele com mãos trémulas, escondida sob os lençóis. O coração batia-lhe no peito. Verificou chamadas, mensagens, redes sociais. Nada de estranho—até aparecer uma conversa com um nome feminino que nunca ouvira antes.

Leu. Primeiro, frases inocentes. Depois, palavras cada vez mais íntimas. *”Sinto tanto a tua falta.”* — *”Busco-te no sábado.”* — *”O jantar foi perfeito, da próxima será melhor.”* — *”Boa noite, amor ❤.”*

O golpe foi brutal. As datas coincidiam com as semanas em que estivera no Porto. A pulseira, o rebuçado, o comportamento nervoso… tudo fazia sentido.

As lágrimas começaram a rolar. Beatriz olhou para o rosto tranquilo de Rodrigo, tão calmo, tão falso. *”Enganaste-me, Rodrigo?”* sussurrou entre soluços abafados.

Correu para a casa de banho, trancou-se e chorou até não poder mais. Mas quando se olhou no espelho, entre o rosto cansado e os olhos vermelhos, viu algo mais: determinação. Já não era a mulher frágil que descobrira a verdade minutos antes.

Na manhã seguinte, confrontou Rodrigo. Mostrou-lhe a pulseira. *”Explica-me isto.”*

Ele gaguejou, inventando desculpas: *”Deve ser do Duarte… ele deve ter deixado aqui…”* Mas Beatriz interrompeu-o com uma gargalhada amarga.

*”O Duarte? Um homem com pulseiras vermelhas? E é também quem te manda mensagens a dizer ‘Sinto a tua falta, amor’? Achas que sou estúpida?”*

Rodrigo empalideceu. O silêncio foi a sua confissão. Quando finalmente murmurou, *”Perdoa-me… não sei porque o fiz…”* Beatriz sentiu o mundo desmoronar-se.

Expulsou-o de casa. Chorou, desfez-se, ligou à melhor amiga. A casa, que antes era um refúgio, tornou-se um lugar frio, cheio de memórias falsas.

Sentada à janela, a ver a chuva cair sobre Lisboa, Beatriz perguntou-se: *”Quantas lágrimas terei de chorar até encontrar paz outra vez?”*

E, no meio da dor, nasceu uma certeza: a tempestade passaria, o sol voltaria a brilhar, e ela, mesmo partida, aprenderia a erguer-se. Porque até as cicatrizes mais profundas, um dia, tornam-se marcas de força.

Os dias seguintes foram um inferno silencioso. A casa era grande demais, vazia demais. Cada canto era um lembrete da traição. Beatriz chorou até as lágrimas secarem, deixando apenas um vazio gelado.

Mas, no meio da dor, algo começou a mudar. Um pensamento persistente repetia-se: *”Não posso deixar que esta traição destrua o resto da minha vida.”*

A primeira semana foi a pior. Beatriz mal comia ou dormia. As amigas revezavam-se, levando-lhe comida e distraindo-a. Uma delas disse: *”Beatriz, ninguém merece as tuas lágrimas. Muito menos quem não te soube valorizar.”*

A frase ficou-lhe gravada. Como um raio de luz na escuridão.

Pouco a pouco, Beatriz recuperou o controlo. Levantava-se cedo, vestia-se com cuidado mesmo sem sair. Encheu a casa de flores frescas, trocou os lençóis e pintou o quarto de outra cor. Como se apagasse os vestígios de Rodrigo com cada mudança.

No trabalho, dedicou-se a fundo. Os colegas admiravam-lhe a força, sem imaginar a tempestade que enfrentara. Os projetos deram-lhe um propósito. A cada elogio, recuperava um pedaço de si mesma que Rodrigo nunca destruiria.

Três meses depois, era outra. Os olhos, ainda marcados, brilhavam diferente. Perdera peso, mas a postura era firme, mais confiante. Inscrevera-se em aulas de ioga e retomara a pintura, uma paixão abandonada.

Uma tarde, enquanto pintava com a janela aberta, ouviu a chuva a cair. A mesma chuva que antes acompanhara a sua dor, agora parecia um renascimento. Sorriu, pela primeira vez sem o peso do passado.

Foi só então que Rodrigo tentou voltarRodrigo ficou parado na chuva, a mão erguida para tocar a campainha, mas Beatriz, sem hesitar, virou as costas e seguiu em frente, porque finalmente entendera que a felicidade não estava em quem a traiu, mas em quem ela estava se tornando.

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