Quarenta Motociclistas se Alternaram Para Acompanhar Criança em Seus Últimos Meses4 min de lectura

Compartir:

Quarenta Motociclistas Fizeram Turnos para Segurar a Mão de Menina Moribunda por 3 Meses, para que ela nunca acordasse sozinha no hospital.

Suas últimas palavras antes que o câncer levasse sua voz foram: “Eu queria ter um pai como você” para João Grande, um motociclista de 140 quilos, com lágrimas tatuadas no rosto, que entrou no quarto dela por engano, procurando o banheiro.

Aquele passo em frente errado mudou tudo – não só para Leonor, que havia sido abandonada no hospital pelos pais, incapazes de suportar vê-la morrer. Mas também para cada motociclista endurecido que passaria os próximos noventa e três dias garantindo que aquela pequena soubesse o que era amor antes de partir.

João Grande estava visitando seu próprio irmão doente no Hospital da Santa Luzia, quando ouviu um choro vindo do quarto 117. Não um choro comum, mas um pranto profundo, daqueles que só vêm quando já não há esperança.

“Está perdido, senhor?”, perguntou ela quando ele espiou pela porta, sua cabeça baldada refletindo a luz dura do hospital.

“Talvez”, admitiu ele, olhando para a pequena figura afogada numa cama de adulto. “E você?”

“Meus pais disseram que já voltavam”, sussurrou. “Faz vinte e oito dias.”

As enfermeiras contaram a verdade depois. Os pais de Leonor haviam renunciado à guarda e desaparecido. Não aguentaram a deterioração, as contas médicas, a dor de ver sua filha definhar. Ela tinha talvez três meses de vida, ou menos.

“Ela pergunta por eles todos os dias”, disse a enfermeira-chefe, Rita, em voz baixa. “Sempre acha que estão no trabalho, ou comprando comida, ou presos no trânsito.”

João Grande voltou ao quarto 117 naquela noite. Leonor estava acordada, olhando para o teto, abraçando um ursinho de pelúcia desgastado.

“Seu irmão está melhor?”, perguntou ela, lembrando porque ele estava ali.

“Não, querida. Não está.”

“Eu também não”, disse, com uma franqueza que partia o coração. “Os médicos acham que eu não entendo, mas eu sei. Estou morrendo.”

A maneira como falou, tão calma para uma criança de sete anos, quebrou algo em João.

“Você está com medo?”, ele perguntou.

“Não de morrer”, respondeu. “De morrer sozinha.”

Naquela noite, João Grande ligou para o seu moto clube, os Lobos de Aço. Vinte e cinco irmãos e quinze irmãs, todos marcados pela vida, cada um carregando sua própria dor.

“Tem uma menininha”, começou ele, engasgando nas palavras. “Sete anos. Morrendo. Abandonada pelos pais. Não tem ninguém.”

“O que você precisa?”, perguntou o presidente do clube, o Caveira.

“Tempo. Apenas… tempo. Alguém para ficar com ela. Turnos. Ela tem talvez três meses e tem medo de ficar sozinha.”

“Feito”, disse Caveira, sem hesitar. “Começamos amanhã.”

O que se seguiu foi algo que a equipe do hospital nunca tinha visto. Motociclistas de couro, alguns com históricos criminais, outros com passados violentos, sentados em silêncio ao lado da cama de uma criança morrendo. Lendo histórias, brincando de bonecas, pintando suas unhas de preto porque ela queria “parecer durona como eles”.

Fizeram um esquema de turnos. Duas horas cada, vinte e quatro horas por dia. Leonor nunca mais acordaria sozinha.

O Matador, um ex-fuzileiro com PTSD tão severo que mal dormia, pegava o turno das 2h às 4h. Cantava para ela canções de ninar que sua avó lhe ensinara em português.

“Você tem uma voz bonita para alguém tão assustador”, disse Leonor uma vez.

“E você é assustadora também, pequena guerreira”, ele respondeu, fazendo-a rir.

A Rosa, que perdeu a própria filha numa batalha judicial anos atrás, trazia livros para colorir e passava horas criando mundos onde os pais nunca iam embora e as meninas cresciam para pilotar motos.

“De que cor vai ser a minha moto quando eu crescer?”, perguntou Leonor um dia.

Rosa saiu do quarto para chorar antes de responder: “Roxa com chamas prateadas. Com certeza.”

À medida que Leonor enfraquecia, os motociclistas ficavam mais criativos. Trouxeram tablets para que ela pudesse “andar” virtualmente com eles por vídeos no YouTube. Vestiam chapéus ridículos para fazê-la rir quando a dor apertava. Aprenderam a trançar o pouco cabelo que lhe restava, aqueles homens enormes com mãos marcadas pela vida sendo incrivelmente gentis.

A equipe do hospital, a princípio desconfiada, acabou transformada por aquela cena. Leonor parou de chorar pelos pais. Começou a sorrir de novo. Tinha motociclistas favoritos, piadas internas, um vocabulário próprio de termos de moto que usava errado só para fazê-los rir.

“Essa comida de hospital é uma total Harley”, dizia, o que não fazia sentido, mas os fazia gargalhar.

Dois meses depois, Leonor fez uma pergunta que ficou com João Grande.

“SeNa manhã seguinte, os Lobos de Aço cavalgaram em silêncio pela estrada costeira, levando consigo não apenas a lembrança de Leonor, mas a promessa de que nenhuma criança morreria sozinha enquanto eles tivessem forças para segurar uma mão.

Leave a Comment