Na Noite de Nossa Lua de Mel, Ao Ver o ‘Lá Embaixo’ do Meu Marido, Entendi Tudo…5 min de lectura

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Na noite do nosso casamento, ao ver o que o meu marido tinha “lá embaixo”, tremi e compreendi porque a família dele me ofereceu uma villa à beira do lago no valor de aproximadamente 1 milhão de euros para casar com uma rapariga pobre como eu…

O meu nome é Leonor, tenho 26 anos, cresci numa família humilde no Alentejo, onde o sol é forte e o vento sopra sem parar. O meu pai faleceu cedo, a minha mãe estava doente, e tive de abandonar a escola no 10.º ano para trabalhar como empregada doméstica. Depois de anos de luta, consegui um emprego como criada interna numa das famílias mais ricas de Lisboa — os Carvalho, que viviam no elegante bairro de Lapa.

O meu marido — Ricardo Carvalho — era o único filho dessa família. Era bonito, culto, sereno, mas havia sempre uma distância invisível à sua volta. Trabalhei lá quase três anos, acostumada a baixar os olhos, sem nunca ousar pensar que poderia entrar no mundo deles. Mas um dia, Dona Margarida Carvalho (a mãe de Ricardo) chamou-me à sala, colocou a certidão de casamento à minha frente e prometeu:
“Leonor, se aceitares casar com o Ricardo, a casa da Quinta do Lago fica em teu nome. É o presente de casamento da família.”

Fiquei atordoada. Como poderia uma criada como eu merecer o filho querido deles? Pensei que fosse uma brincadeira, mas os olhos dela estavam sérios. Não percebi porquê me escolheram; só sabia que a minha mãe estava gravemente doente, e as despesas médicas eram um fardo insuportável. A minha mente dizia para recusar, mas o meu coração frágil — e o amor pela minha mãe — fizeram-me acenar com a cabeça.

O casamento foi um luxo inimaginável no Palácio da Pena, em Sintra. Vestia um vestido branco, sentada ao lado do Ricardo, como se ainda estivesse a sonhar. Mas o olhar dele era frio e distante, como se guardasse um segredo que eu ainda não conhecia.

Na noite de núpcias, o quarto estava cheio de flores. Ricardo trazia uma camisa branca, o rosto perfeito como uma escultura, mas os olhos tristes e calados. Quando se aproximou, o meu corpo tremeu. E, naquele momento, a dura verdade revelou-se.

Ricardo não era como os outros homens. Tinha uma condição de nascença que o impedia de cumprir plenamente o papel de marido. Tudo fez sentido: a villa, o casamento com uma criada pobre — não porque eu fosse especial, mas porque precisavam de uma “esposa nominal” para ele.

Os olhos encheram-se de lágrimas — não sabia se era por pena de mim ou por pena dele. Ricardo sentou-se em silêncio e disse: “Desculpa, Leonor. Não mereces isto. Sei que sacrificaste muito, mas a minha mãe… ela precisa que eu tenha uma família para se sentir em paz. Não posso contrariar a vontade dela.”

Na luz amarela do candeeiro, vi os seus olhos húmidos. Afinal, aquele homem frio também guardava uma dor profunda. Ele não era diferente de mim — ambos vítimas do destino.

Nos dias seguintes, a nossa vida foi estranha. Não havia a doçura de um casal, apenas respeito e companheirismo. Ricardo era gentil: perguntava-me como estava de manhã, levava-me a passear pela Quinta do Lago à tarde e jantávamos juntos à noite. Já não me tratava como a empregada de antes, mas como uma igual. Era isso que me perturbava — o meu coração comovia-se, mas a mente lembrava-me que este casamento nunca seria “completo” no sentido comum.

Certa vez, ouvi Dona Margarida a confidenciar ao médico da família: tinha um problema no coração e pouco tempo de vida. Tinha medo que, quando partisse, Ricardo ficasse sozinho para sempre. Escolheu-me porque viu que eu era bondosa, trabalhadora e sem ambições; acreditava que ficaria com ele e não o abandonaria por causa daquela condição.

Ao saber a verdade, o meu coração agitou-se. Pensara que era apenas uma “substituta” em troca de uma casa, mas afinal fui escolhida por amor e confiança. Naquele dia, prometi a mim mesma: não importa como fosse este casamento, nunca deixaria Ricardo.

Numa noite chuvosa em Lisboa, Ricardo teve uma crise. Em pânico, levei-o ao Hospital de Santa Maria. No meio do delírio, apertou a minha mão e murmurou:
“Se um dia te cansares, vai-te embora. A casa do lago é a tua compensação. Não quero que sofras por minha causa…”
Chorámos os dois. Desde quando é que ele conquistara o meu coração? Apertei a sua mão e disse:
“Não vou a lado nenhum. Tu és o meu marido — a minha família.”

Depois da crise, quando acordou e me viu ao seu lado, os olhos dele encheram-se de lágrimas e de uma ternura que nunca lhe vira. Não precisávamos de um casamento “perfeito”. Tínhamos compreensão, companheirismo e um amor silencioso que prometia durar.

A casa da Quinta do Lago já não era uma “recompensa”, mas um verdadeiro lar. Plantei flores na varanda; Ricardo montou um cavalete na sala. À noite, sentávamo-nE assim, sob o luar que se refletia no lago, descobrimos que o amor verdadeiro não está na perfeição, mas na coragem de aceitar e cuidar um do outro, tal como somos.

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