Funcionária de Limpeza Leva Filha ao Trabalho sem Saber que a Reação do Chefe Mudaria Tudo6 min de lectura

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Numa humilde empregada doméstica, sem ninguém para deixar a sua filha, decidiu levá-la para o trabalho, mas nunca imaginou que a reação do seu patrão milionário iria mudar tudo.

Cláudia acordou às 5h30 da manhã, como todos os dias, o corpo cansado e os olhos inchados de uma noite mal dormida, mas sem tempo para se queixar.

O velho despertador em cima da mesa-de-cabeceira já nem tocava, mas ela tinha o relógio na cabeça desde que o marido morrera, há quatro anos. A sua filha, Beatriz, com apenas quatro anos, dormia profundamente, abraçada a um peluche cuja orelha já estava descaída.

Cláudia olhou para ela durante alguns segundos antes de se levantar. Partia-lhe o coração acordá-la, mas não podia deixá-la sozinha. Iria ter de a levar para o trabalho outra vez.

Mexeu-se rapidamente pela pequena casa que partilhavam no bairro de Alfama. Um lar modesto, com paredes gastas, uma única lâmpada no teto e um fogão antigo que demorava a acender.

Serviu papas de aveia com leite quente para a Beatriz e café preto para ela, tudo em silêncio, para a menina poder dormir mais um pouco.

Enquanto tomava o pequeno-almoço, pensou como explicar ao Sr. Rodrigo que a filha estaria com ela outra vez. Já lhe tinha dito que não tinha com quem a deixar, mas sentia que a qualquer momento lhe diriam que não podia continuar assim, que devia arranjar outra solução. Como se fosse fácil.

Cláudia já tinha procurado creches, mas não conseguia pagar nem a mais barata, e não tinha família que a pudesse ajudar. As coisas eram como eram.

Às 6h15, acordou a Beatriz com um beijo na testa. A menina abriu os olhos preguiçosamente, espreguiçou-se e fez a pergunta de sempre: “Vais trabalhar hoje, mãe?” Cláudia sorriu e respondeu que sim, mas que ela ia com ela, como das outras vezes.

Beatriz acenou contente, porque gostava daquela casa grande. Dizia que parecia um castelo. Mesmo que não a deixassem tocar em quase nada, sentia-se feliz só por estar lá.

Enquanto a vestia, Cláudia repetiu-lhe para não fazer barulho, não mexer em nada sem pedir, não correr pelos corredores e não entrar no escritório do Sr. Rodrigo. “É muito importante que te portes bem, filha. Preciso deste emprego.” Falou num tom firme, mas suave.

Saíram de casa às 7 horas em ponto, como habitualmente. Caminharam quatro quarteirões até ao ponto de autocarro. Cláudia levava uma mochila ao ombro e um saco com alguma comida. E Beatriz, com a mochila cor-de-rosa cheia de brinquedos pequenos e um caderno para desenhar, entrou na carrinha como todas as manhãs, empurrando e sendo empurrada, e Cláudia certificou-se de que a menina estava sentada com segurança junto à janela.

A viagem durou cerca de 40 minutos, e Beatriz passou-a a olhar para os carros, as pessoas, os cães vadios e a fazer perguntas sem fim. Cláudia respondia o que podia, embora às vezes não soubesse o que dizer.

Chegaram ao bairro das Avenidas Novas, onde tudo era diferente: ruas largas, árvores podadas, casas com portões elétricos e jardineiros uniformizados a trabalhar desde cedo.

A mansão onde ela trabalhava ficava num cruzamento de uma rua tranquila, atrás de um enorme portão preto. Cláudia teve de usar o intercomunicador para alguém a deixar entrar.

O segurança, o Sr. Manuel, já a conhecia. Sorriu quando viu Beatriz e abriu o portão sem dizer nada. Cláudia agradeceu-lhe com um olhar rápido e entraram. A mansão era enorme, com dois andares, janelas por todos os lados e um jardim maior do que toda a sua rua junta. Cláudia ainda ficava nervosa quando entrava, mesmo trabalhando ali há dois anos.

Tudo estava limpo, arrumado e cheirava a madeira fina. O Sr. Rodrigo quase nunca saía do escritório de manhã. Cláudia conhecia bem a sua rotina. Ele levantava-se às 8h, descia para o pequeno-almoço às 9h e depois ia para o escritório trabalhar ou saía para reuniões. Às vezes não o via o dia inteiro, deixava apenas recados através do mordomo. Naquele dia, pensou que seria igual.

Entraram pela porta de serviço, como sempre. Cláudia pediu à Beatriz para se sentar num canto da cozinha, onde a podia ver. Deu-lhe lápis de cor e uma folha de papel. A menina começou a desenhar, e ela começou a limpar, começando pela sala de jantar. Tudo normal.

Lavou a louça que o cozinheiro deixara, varreu, passou o pano, arrumou as almofadas das cadeiras e tirou o pó ao armário que guardava a coleção de garrafas caras. Às 8h15, ouviu passos nas escadas. O coração saltou-lhe. Não esperava que ele descesse tão cedo.

Rodrigo apareceu na sala de estar com uma camisa branca desabotoada e uma carranca. O cabelo estava ligeiramente despenteado e trazia uma pasta na mão. Cláudia paralisou, com o pano na mão. Ele ia direto à cozinha. Quando entrou, parou de repente ao ver Beatriz sentada no chão, concentrada no desenho.

Cláudia sentiu o estômago apertar. Respirou fundo, deu um passo em frente e explicou que não tinha com quem a deixar, que seria só por algumas horas e que prometia que não causaria problemas. Rodrigo não disse nada; baixou-se um pouco, apoiando-se nos joelhos, e olhou para o desenho da Beatriz. Era uma casa enorme com uma menina no jardim e um grande sol no canto.

Beatriz viu-o e disse, sem medo: “Esta é a sua casa, senhor, e esta sou eu a brincar.” Rodrigo piscou os olhos, ficou calado por alguns segundos, depois endireitou-se, ajustou a camisa e, para surpresa de Cláudia, sorriu. Um sorriso leve, como se algo tivesse desbloqueado dentro dele.

“Está bem”, disse simplesmente e saiu da cozinha. Cláudia não sabia o que pensar. Nunca o vira assim antes. O Sr. Rodrigo não era rude, mas também não era caloroso. Era um homem sério, com um olhar duro, que quase nunca falava mais do que o necessário. Mas aquele sorriso era algo inesperado. Continuou a limpar, com o coração a bater forte, e espreitou Beatriz pelo canto do olho.

A menina continuou a desenhar, calma, como se nada tivesse acontecido. Às 9 horas em ponto, voltou a descer. Cláudia pensou que desta vez viria a repreensão, mas não. Rodrigo sentou-se à mesa da sala de jantar e pediu café. Depois, da sua cadeira, perguntou o nome de Beatriz.

Ela respondeu com a mesma naturalidade de quem fala com um amigo. Ele perguntou-lhe o que gostava de fazer, e ela respondeu que gostava de desenhar, correr e comer pão-de-leite. Rodrigo riu-se. Uma risada baixa, mas sincera. Cláudia sentiu que algo estranho estava a acontecer e não sabia se devia ficar preocupada ou não. O resto da manhã foi diferente. Rodrigo ficou mais tempo em casa.

Foi para o jardim fazer algumas chamadas, mas antes de sair, perguntou a Cláudia se Beatriz podia brincar lá um pouco. Ela não soube o que dizer, apenas respondeu queE anos depois, naquele mesmo jardim onde tudo começou, Cláudia olhou para Rodrigo e os três filhos a brincarem, sabendo que a vida, por mais difícil que fosse, sempre reservava surpresas maravilhosas para quem tinha coragem de amar.

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